terça-feira, 26 de maio de 2015

Colhendo o que plantei...A Roda da Fortuna...


 Arianrhod é a grande Deusa Galesa.
O seu nome significa roda de prata, ela é a Deusa da fertilidade, do nascimento, da iniciação e da reencarnação...
E é ela que representa a carta da Roda da Fortuna...
E a Roda da Fortuna, é a experiência de vida...são as nossas escolhas, orientadas pela nossa intuição...
São todas as possibilidades e caminhos que escolhemos seguir para alcançar os nossos objetivos...
É plantar, semear com discernimento e sabedoria para depois colher os frutos desse plantio...
E ela vem passar os seus ensinamentos para todos os signos, através desta pequena história, que retirei das escritas de meu Mestre e Mago:

"A Roda da Vida"
"Cansado e abatido, o viajante chegou finalmente ao que parecia um entroncamento de caminhos. À sua frente abria-se um amplo espaço ao qual chegavam outras três estradas. O lugar era bonito, tinha árvores que davam sombra e uma fonte com água fresca. A primeira coisa que fez foi beber. Muito. A jornada tinha sido esgotante. Como todas as jornadas nos últimos tempos...
Após beber, decidiu descansar. Deitou à sombra de uma árvore e um pouco depois dormiu.
Quando acordou já era noite. A raiva tomou conta dele: não tinha alimento e não podia continuar na escuridão. Teria que pernoitar ai, com fome. Ainda bem que não faltava água. Então viu a fogueira.
Um homem estava sentado frente a um bonito fogo, cozinhando algo. Era de idade indefinida e estava bem vestido. Não parecia perigoso, mas o viajante era desconfiado: já tinha sido pego por ladrões antes. E mesmo carregando pouca coisa, seria terrível ser assaltado. Enfim, também não podia permanecer onde estava, assim que decidiu ir até a fogueira.
-Boa noite- disse.
-Boa noite, viajante- respondeu o homem, com um sorrido. -Está com fome?
Estava, era inútil negar. Disse sim com a cabeça e o homem fez um gesto para ele se sentar. O viajante se acomodou frente ao fogo. O homem estendeu a mão com um caço de sopa, que o viajante consumiu rapidamente. Jantaram em silêncio. Ao terminar lavaram tudo na fonte e voltaram para o fogo.
-A viagem está difícil?- perguntou o homem. O viajante assentiu.
-Sim. Parece que nunca acaba- ficou um momento em silêncio. Tinha vergonha de dizer que estava perdido. Fazia tempo que não achava o caminho certo. A cada entroncamento rezava para pegar o caminho correto que o levasse ao seu destino, mas isso não acontecia. Talvez fosse hora de pedir ajuda.
-Acho que estou perdido- disse o viajante. O outro fez sinal que tinha entendido e mexeu um pouco no fogo, que começou a queimar mais vivamente. A temperatura melhorou.
-Onde está indo?- quis saber.
-A algum lugar bonito, onde possa ser feliz- disse o viajante. O homem fitou-o em silêncio.
-Isso é um pouco vago. No seu caso eu diria que qualquer caminho serve, pois eventualmente você vai chegar a algum lugar que considere bonito... e talvez possa se convencer que é feliz...
O viajante ficou em silêncio. Não tinha pensado nisso. Ultimamente ia de cidade em cidade, de relacionamento em relacionamento, de emprego em emprego e nunca achava que seu atual estado fosse o ideal. Sempre esperava mais, a eterna esperança e expectativa de que o próximo será melhor, que a felicidade está à volta da esquina. Mas não estava... e então a cada esquina era uma nova frustração.
-O que você considera felicidade?- quis saber o homem, enquanto colocava um bule sobre as brasas. O viajante ficou pensando um bom tempo.
Em realidade não sabia a resposta. Nunca tinha pensado em definir a felicidade. O que o faria feliz? Dinheiro? Muitas mulheres? Mando sobre outros? Poder? Inteligência superior? Família?
-Bem, várias coisas...- disse, meio em dúvida.
-E qual seria a primeira?- perguntou o homem, enquanto colocava umas ervas dentro da chaleira. Um cheiro maravilhoso espalhou-se no ar.
O viajante pensou um pouco.
-Família. Quero uma família... o resto vem depois.
O homem retirou o chá e o despejou em duas xícaras de metal. Estendendo uma para o viajante, perguntou.
-O que é mais importante desse... resto?
Beberam o chá em silêncio. Finalmente, o viajante respondeu.
-Dinheiro. Quero estar tranquilo materialmente.
-Então siga por ai- disse o homem, mostrando o primeiro caminho à direita. Quando chegar ao próximo entroncamento, pegue a segunda saída à direita.
-Como é que você sabe disso?- disse o viajante, surpreso. O homem sorriu.
-Digamos que conheço bem estes caminhos. Já os percorri muitas vezes...
O viajante ficou um tempo olhando para o caminho. Então surgiu uma dúvida.
-E se quisesse ter dinheiro e poder?
-Tome esse outro caminho- disse o homem, mostrando outra estrada. O dinheiro vai levar você ao poder. Só siga reto e não repare em nada. Não pare nunca nem se distraia nos entroncamentos. E antes que pergunte, você vai saber qual caminho escolher porque estará sempre à sua frente... desde que você não fique distraído com outros pensamentos.
Outro longo silêncio. Agora o viajante tinha dois caminhos para escolher.
-Não precisa decidir agora- disse o homem, adivinhando sua dúvida Vai descansar. Amanhã você decide...
O viajante pegou suas coisas e se acomodou perto do fogo. Daí a pouco estava dormido. 
Quando acordou, o homem estava frente à fogueira, preparando o café da manhã. O viajante se aproximou ao fogo. Dividiram os restos de pão que o viajante ainda tinha e um chá quente maravilhoso que restaurou suas forças.
-Você já pensou que caminho vai tomar?- quis saber o homem. O viajante assentiu.
-Acho que vou pelo caminho da família. Mais para frente vou me preocupar com o dinheiro.
O homem balançou a cabeça afirmativamente.
-Boa escolha.
De repente, o viajante viu o que pareciam novos caminhos que saiam do entroncamento.  Não lembrava tê-los visto na tarde anterior.
-E esses caminhos?- perguntou surpreso.
-Ah, você os está vendo agora- sorriu o homem. Levam a outras possibilidades. Esse ai mistura amor com realização, esse poder com sabedoria...
-Como é que não os vi ontem?
O homem sorriu
-Hoje você está mais atento. Só isso. Quando você se acalma e começa a prestar atenção, o caminho certo aparece à sua frente.
O viajante observou os novos caminhos.
-Qual a diferença entre o que eu quero tomar e esse do amor com realização material?
-Boa pergunta- disse o homem, sorrindo. No caminho que você escolheu o amor vem primeiro e depois de solidificado você começa a construir seu sucesso material. Nesse ai as duas coisas acontecem ao mesmo tempo. Demora um pouco mais e você não pode se distrair, senão perde o caminho, mas é uma boa alternativa.
-Você parece conhecer muito bem esses caminhos...- disse o viajante, curioso.
-Já os transitei muitas vezes- respondeu o homem, sorrindo. Agora sei aonde vão e as viagens ficam mais fáceis...
O sol começava a aquecer e uma suave brisa soprava.
-Acho que está na hora de você ir- disse o homem-. Antes que o clima fique muito quente.
O viajante ficou em pé.
-Acho que vou por esse caminho do Amor com sucesso material. Gostei da idéia...
-Boa viagem, meu amigo. Se ficar você ficar perdido em algum entroncamento basta ouvir sua voz interior. Siga sua intuição.
O viajante pegou sua mochila.
-Obrigado por tudo. Realmente não sei como te agradecer...
-Fico feliz por ter podido te ajudar- disse o homem, sorridente.
O viajante ficou parado um momento. Então sentiu uma súbita curiosidade.
-Quem é você? Como sabe tanto dos caminhos?
-Sou um viajante igual a você, só que com mais experiência. Percorri esses caminhos muitas vezes, já fiquei perdido, já me resgataram. Hoje me dedico a ajudar àqueles que ficam desorientados, como você. Só isso...
-Obrigado- disse o viajante, sorrindo por primeira vez. Espero que a gente volte a se encontrar...
-Se esse for o desígnio, nossos caminhos vão se cruzar novamente, não se preocupe. Boa caminhada, Viajante.
O homem se inclinou respeitosamente e o Viajante fez o mesmo. Depois virou as costas e enveredou pelo caminho escolhido.
Quando já tinha percorrido certa distância, voltou olhar para trás. O entroncamento estava deserto, o homem tinha desaparecido.
-Quem era?- perguntou-se o Viajante. Era um homem realmente?
E isso era importante? Homem ou anjo... um amigo enviado na hora certa.
Continuou a caminhar pela estrada da vida, mais feliz.
E foi se acostumando com a felicidade. Nos entroncamentos seguia sua intuição, tal como o homem tinha ensinado. Nunca errou. Chegou ao seu destino, casou-se, teve filhos, fez dinheiro.
Um dia estava fazendo uma peregrinação para um lugar sagrado e parou num entroncamento. Acendeu um fogo para se aquecer, a noite estava ficando fria. Então viu um rapaz que chegava por um caminho lateral, cansado. O Viajante poderia ter ficado invisível, mas não tinha necessidade disso. Fez um sinal e o fogo ardeu com mais força.
O rapaz aproximou-se, indeciso.
-Desculpe, o senhor poderia me ajudar? Acho que estou perdido...
O Viajante fez um sinal para ele se aproximar.
-Sente-se junto ao fogo, meu amigo. A noite está fria.
O rapaz fez isso rapidinho. Realmente tinha esfriado muito.
-Você está com fome? Estou preparando uma sopa- disse o viajante.
O rapaz disse que sim. Estava faminto e fazia tempo que não parava para conversar com um amigo. E na noite fria, amigos são como fogueiras: aquecem e guiam...
Jantaram em silêncio. Ao terminar, o Viajante olhou para ele.
-A viagem está difícil?- perguntou com um sorriso.
-Sim, parece que nunca acaba...- disse o jovem, tristemente.
-Para onde você está indo?
A Roda da Vida deu uma volta completa..."

Faça uma boa viagem!